Microbiota pioneira e microbiota residente: diferenças e importância
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21/08/2022Em uma cadeia tão complexa quanto a da avicultura industrial, há muitos pontos que podem fazer toda a diferença na busca por alta produtividade. Um deles está em analisar a qualidade fecal dos frangos de corte.
As fezes das aves apresentam diversas características morfológicas que podem revelar, de modo precoce, alterações relacionadas a problemas entéricos, o que possibilita agir de modo rápido para evitar o que os problemas intestinais causam: queda da absorção de nutrientes, perdas de desempenho das aves e prejuízos econômicos para a agroindústria.
Na maioria das vezes esses problemas entéricos ocorrem devido ao desequilíbrio da microbiota intestinal, a disbiose. Esse, aliás, é um assunto de bastante importância no setor avícola porque a microbiota está diretamente relacionada à integridade intestinal — recentemente apresentamos as diferenças entre microbiota pioneira e microbiota residente, que você pode conferir aqui.
Mas você sabia que a microbiota intestinal pode sofrer variações ao longo de um único dia, o que interfere na integridade intestinal e pode ter resultados impactantes para o seu negócio? O Gerente de Negócios da Biocamp, Bauer Alvarenga, desenvolveu uma pesquisa completa sobre o assunto que você pode acessar aqui. Neste conteúdo, trazemos os principais insights, que valem a pena conferir!
Fezes de frangos de corte e sua microbiota
As fezes de frangos de corte são bastante usadas em estudos sobre a microbiota intestinal, por serem facilmente coletadas e não causarem prejuízos às aves (o método é não invasivo). Há dois tipos de fezes:
- Fezes ileais: são eliminadas diversas vezes ao dia. Não passam pelos cecos e podem conter uma porção de urina.
- Fezes cecais: são eliminadas somente uma ou duas vezes ao dia. Passam pelos cecos e não contêm urina.
Como as diferenças funcionais estão ligadas ao processo de digestão dos alimentos e absorção dos nutrientes, não é difícil imaginar que é relativamente comum encontrar alterações nas fezes do frango de corte. Seja passagem de ração, muco avermelhado, presença de água e/ou de gases, alteração da coloração, etc.
E, se isso acontece com as fezes, a microbiota também acaba se diferenciando ao longo do sistema digestório por causa de fatores como oferta de oxigênio, muco, pH, entre outros. Pensando na relação entre ambas, surgiram algumas hipóteses: será que os gêneros bacterianos variam entre fezes ileais e cecais? E na presença de alterações como passagem de ração e muco avermelhado, em diferentes níveis de intensidade?
São as respostas para essas perguntas que Bauer Alvarenga buscou em uma de suas análises. As descobertas, alinhadas à importância do tema, resultaram em sua dissertação de mestrado intitulada “Relação entre o aspecto morfológico de fezes de frangos de corte e sua composição bacteriana”, apresentada na Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP).
Coleta das fezes: metodologia
Para a pesquisa, as amostras de fezes frescas foram coletadas de um lote comercial de frangos de corte aos 19 dias de idade, criados em aviário tipo Dark House.
As rações foram formuladas à base de milho e farelo de soja, com inclusão de aditivos como adsorvente de micotoxinas, probiótico e prebiótico. O probiótico de exclusão competitiva Colostrum® Mix foi usado nas primeiras duas fases de ração, ou seja, até o 21º de idade.
Os grupos foram definidos conforme a intensidade de cada tipo de alteração morfológica (score 1 = leve; score 2 = moderada e score 3 = intenso), vide abaixo:
- Descargas cecais
- Fezes ileais normais
- Fezes com passagem de ração (score 1)
- Fezes com passagem de ração (score 2)
- Fezes com passagem de ração (score 3)
- Fezes com muco avermelhado (score 1)
- Fezes com muco avermelhado (score 2)
- Fezes com muco avermelhado (score 3)
A coleta de amostras teve início às 7h30 e fora finalizada pouco após as 17 horas, sendo 48 amostras coletadas (6 por grupo).
Vamos aos resultados?
Os resultados obtidos com metagenômica
Bauer usou análises de metagenômica para comparar os filos e gêneros de bactérias mais abundantes em cada um dos 8 grupos e comprovou pontos importantes:
- Os filos mais abundantes foram Firmicutes e Proteobacteria;
- Descargas cecais possuem maior abundância bacteriana que fezes ileais normais;
- Fezes ileais normais, fezes com passagem de ração e fezes com muco avermelhado possuem gêneros bacterianos diferentes;
- Imediatamente após o acendimento das luzes houve um predomínio de fezes com muco avermelhado, seguidas de fezes com passagem de ração e fezes ileais normais. Desse modo, a morfologia fecal e a microbiota fecal variaram ao longo do dia, recebendo influência direta do programa de luz.
Conclusão da variação da microbiota ao longo do dia
O estudo “Relação entre o aspecto morfológico de fezes de frangos de corte e sua composição bacteriana” aponta que é fundamental garantir condições ideais de criação de modo a evitar ocorrência de fatores que influenciam negativamente na morfologia fecal.
E vem como um alerta: o equilíbrio da microbiota é essencial para se manter a integridade intestinal. Eubiose é sinônimo de maior produtividade e lucratividade para o negócio.
Segundo Bauer, a aplicação do Colostrum® Mix contribuiu para acelerar o reequilíbrio da microbiota fecal, não permitindo que o intestino perdesse sua integridade e função de absorção. Fato é que o lote apresentou um excelente resultado zootécnico.
O Colostrum® Mix é um aditivo probiótico que modula a microbiota intestinal, favorecendo a eubiose, e contribui para melhorar os índices zootécnicos e controlar enfermidades causadas por enterobactérias, assim como, pelo Clostridium perfringens, o agente causador da enterite necrótica.
Se você quiser entender um pouco mais sobre como a microbiota varia ao longo do dia, a importância de mantê-la em equilíbrio e como isso pode ser feito, fale diretamente com a Biocamp!