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20/07/2022Quando falamos em avicultura, logo vem à mente questões zootécnicas: elevado ganho de peso, alta produção de ovos, boa uniformidade de lotes, baixa conversão alimentar, alta viabilidade. Só que, para atingir esses objetivos, é importante estar atento a muitos fatores.
Talvez o mais importante deles seja a integridade intestinal, fator que impacta diretamente sobre a produtividade das aves. E, para que haja integridade intestinal, a microbiota se mostra fundamental. Afinal, ela possui íntima relação com o desempenho zootécnico, o sistema imunológico e a sanidade do plantel.
Por esse motivo, precisamos mantê-la em equilíbrio por toda vida das aves, sendo importante conhecer detalhes sobre a microbiota pioneira e a microbiota residente. Nesse conteúdo, falamos mais sobre o assunto e porque a colonização precoce é essencial para a produção avícola.
Relação entre as microbiotas pioneira e residente
A microbiota é composta por microrganismos (principalmente bactérias) que habitam o intestino das aves, responsáveis pela produção de energia, vitaminas e enzimas. Sua formação passa por três fases: a colonização, a maturação e a manutenção, que explicamos em detalhes aqui. Podemos dizer que há microbiota pioneira e microbiota residente.
Pioneira
A microbiota pioneira é formada nos primeiros dias de vida dos pintinhos, colonizando os intestinos com uma grande quantidade — e diversidade! — de microrganismos. Quando nascem, os pintinhos possuem uma microbiota intestinal rudimentar, ou seja, composta por poucos microrganismos. A fase de colonização intestinal é importante para se formar a microbiota pioneira. Acontece ao longo dos três primeiros dias de vida e tem início ainda no incubatório – ambiente geralmente rico em bactérias da família Enterobacteriaceae. Mas, a colonização irá se intensificar mesmo é na granja, após o alojamento das aves, onde elas irão ingerir os microrganismos presentes na água, na ração e na cama.
Residente
A microbiota residente se formará após a fase de colonização e suas características serão mantidas até o final da vida das aves. Entretanto, a microbiota está em constante competição, além de sofrer influência de outros fatores que afetam o seu equilíbrio. Manter esse equilíbrio se torna, portanto, um grande desafio.
Na sequência, falaremos um pouco sobre três importantes grupos de bactérias que compõe as microbiotas pioneira e residente.
- LAB (Lactic Acid Bacteria)
- bactérias produtoras de ácido lático;
- possuem relação com performance e sanidade;
- Ex: Lactobacillus, Enterococcus, Pediococcus.
- SFB (Segmented Filamentous Bacteria)
- bactérias com filamentos segmentados;
- grupo de bactérias que influencia a maturação do sistema imune;
- Ex: Candidatus Savagella.
- Enterobacteriaceae
- bactérias gram-negativas;
- essa família inclui uma grande variedade de bactérias com potencial patogênico;
- Ex: Escherichia coli, salmonelas paratíficas e Pseudomonas sp.
Tudo isso leva ao objetivo principal da avicultura industrial: promover a colonização precoce e, na sequência, manter a microbiota em equilíbrio para evitar perdas zootécnicas causadas pelo desequilíbrio da microbiota (disbiose), bem como problemas sanitários.
Mas como o ambiente do incubatório é rico em enterobactérias, é importante que a microbiota pioneira seja formada através da colonização precoce com probióticos de múltiplas cepas láticas, que irão favorecer o desempenho e o sistema imune das aves. Afinal, a microbiota pioneira irá modular significativamente a microbiota residente, reduzindo a abundância de bactérias patogênicas presentes na família Enterobacteriaceae – é o que mostra o estudo “Intestinal Pioneer Colonizers as Drivers of Ileal Microbial Compositio and Diversity of Broller Chickens”.
Os pesquisadores usaram a técnica in ovo em frangos de corte como modelo experimental para entender se (e como) os primeiros colonizadores bacterianos intestinais poderiam modular a abundância e a diversidade do microbioma ao longo do tempo. Uma das descobertas é que os probióticos com bactérias produtoras de ácido lático como colonizadores pioneiros modulam de modo desejável a microbiota residente, aumentando as populações de bactérias láticas e Candidatus Savagella e reduzindo as populações de Enterobacteriaceae.
Colonização precoce: ponto de partida para a integridade intestinal
A aplicação de probióticos compostos por múltiplas cepas de bactérias láticas no incubatório dá início à colonização intestinal com bactérias benéficas, formando a microbiota pioneira que, na sequência, irá modular a microbiota residente. Esse é o ponto de partida para que as aves tenham uma excelente integridade intestinal, resultando em ganhos zootécnicos.
O probiótico Colostrum® Bio21 Líquido, por exemplo, é indicado para colonização precoce feita ainda no incubatório. Desenvolvido pela Biocamp, ele é composto por 21 cepas de bactérias probióticas selecionadas (20 cepas lácticas e 1 bacilo), contribuindo para proporcionar ganhos zootécnicos, desenvolver o sistema imunológico e controlar enfermidades causadas por enterobactérias, assim como quadros de enterite necrótica causados pelo Clostridium perfringens.
Esse probiótico também é indicado para restabelecer a microbiota intestinal após o tratamento com antibióticos — ou em momentos que as aves apresentam a integridade intestinal afetada.
Você sabia, inclusive, que a microbiota sofre diversas variações ao longo de um único dia? É isso o que o Gerente de Negócios da Biocamp, Bauer Alvarenga, comprova em sua dissertação de mestrado, intitulada “Relação entre o aspecto morfológico de fezes de frangos de corte e sua composição bacteriana”. Acompanhe o blog da Biocamp e não perca o próximo artigo sobre o assunto!