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Há algum tempo, o quilo do pé de frango valia menos de R$ 2,00 nos açougues. Hoje, é exportado como uma verdadeira iguaria, e a tonelada já vale em torno de US$ 2.700, refletindo no mercado interno, onde seu valor aproximado está quase R$ 8,00 por quilo (Nov. 23).
A pododermatite está associada ao bem-estar dos animais, às perdas de desempenho e ao descarte dos pés.
Eixo intestino-pele
Como órgãos de maior interface com o meio ambiente, o intestino e a pele têm muito em comum. Nas aves, na natureza, ambos os órgãos são colonizados por uma rica microbiota, adquirida das aves adultas, logo após a eclosão.
Nos mamíferos, diversas patologias intestinais que possuem comorbidades cutâneas já são descritas. Alguns autores sugerem um “eixo intestino-pele”, além de mecanismos que podem interagir sob circunstâncias fisiológicas e patológicas.
Qual o impacto da nutrição sobre a microbiota e sua grande capacidade metabólica sobre os tecidos cutâneos?
Sem dúvida, futuras pesquisas são necessárias e poderão nos trazer muita informação.
A pododermatite caracteriza-se por lesões erosivas que afetam a superfície plantar (coxim) das patas das aves, importante causa de descartes dos pés de frango e perdas relativas a bem-estar e performance.
Essa dermatite nos pés se inicia, geralmente, na parte central do coxim plantar, podendo atingir os dedos e a articulação, entre o tibiotarso e o tarsometatarso, apresentando-se de forma semelhante a crostas escuras preenchidas com erosões. As lesões iniciais incluem inchaço das escamas dos pés, fissuras, escoriações e arranhões superficiais que eventualmente evoluem a úlceras profundas e o centro da lesão é ocupado por massa necrótica de resíduos celulares, a qual encerra detritos de cama e bactérias.
Em casos mais extensos, a pododermatite causa problemas articulares que podem levar a dificuldades de locomoção e alimentação, impactando na performance e favorecendo doenças oportunistas e a entrada de microrganismos patógenos através da área afetada, comprometendo a segurança alimentar do produto e resultando em condenação parcial ou total das carcaças.
A incidência destas lesões de pele está associada a muitos fatores como: composição da dieta, estrutura da pele, peso da ave, temperatura e umidade do ambiente. Contudo, a densidade de aves/m², associada à qualidade da cama (composição e umidade) e à qualidade das fezes, são fatores determinantes para a ocorrência de pododermatite. A dieta deve ser formulada de forma a favorecer a absorção de nutrientes, evitando diarreias e o aumento da viscosidade intestinal; pois fezes úmidas ou aderentes, aos serem eliminadas, agregam-se nas patas com maior frequência, colaborando ou agravando as pododermatites.
Os probióticos podem auxiliar a controlar as lesões por pododermatite
No estudo “Avaliação da produtividade de frangos de corte suplementados com probióticos”, realizado pelo Grupo de Pesquisa em Ciência Avícola da UNESP, liderado pela Profa. Ibiara Correia de Lima Paz, grupos de animais tratados com probiótico por spray no incubatório e via ração foram avaliados em comparação a animais não tratados, demonstrando quais características comportamentais e critérios impactam na qualidade de carcaça de aves. As lesões por pododermatite foram avaliadas através da verificação da integridade do coxim plantar das aves aos 42 dias. Esta avaliação se deu por atribuição de escores de intensidade de lesão.
Os animais que receberam probiótico tiveram incidência de pododermatite inferior em 6,34pp* em comparação aos animais não tratados. Lesões iniciais (PD1) acometeram 1,03pp* menos animais tratados com probiótico que animais do grupo controle, e lesões extensas de pododermatite (PD2) foram ausentes em animais tratados com probiótico.
*pp- pontos percentuais
Pododermatite em frangos de corte submetidos a suplementação com probiótico
Tratamento Probiótico: Colostrum® Bio 21 Líquido por spray no incubatório e Colostrum® Bio 21 Mix na ração; tratamento controle: sem adição de probiótico. Médias comparadas pelo teste Qui-Quadrado (p<0,05) e transformadas em porcentagem.
As avaliações de bem-estar correlacionam-se com os seguintes aspectos que se refletem na melhora do bem-estar e qualidade do produto final:
Qualidade intestinal
A inclusão de aditivos como os probióticos proporciona melhoria no equilíbrio da microbiota (eubiose) na integridade intestinal, o que promove aumento na produção de serotonina e diminuição na excreção de corticosterona, resultando em aves mais resilientes e menos reativas.
Menor umidade da cama e menores teores de amônia no ambiente
Quando a dieta é melhor digerida e absorvida, as fezes são menos úmidas e com menores teores de nitrogênio. O melhor equilíbrio da microbiota intestinal leva à redução da permeabilidade intestinal e também garante menor excreção de enterobactérias patogênicas.
Esses fatores associados tendem a inibir a liberação de amônia, reduzindo a incidência de pododermatite conforme evidenciado neste estudo, refletindo, portanto, em melhor bem-estar e qualidade do produto final.
O uso dos probióticos Colostrum® Bio 21 Liquido por spray no incubatório, associado ao Colostrum® Bio 21 Mix na ração, reduziu significativamente a incidência e severidade das lesões de pododermatite em frangos.