Biosseguridade: relevância na produção de aves de corte
17/10/20215 pontos fundamentais para promover o equilíbrio da microbiota intestinal de poedeiras comerciais
16/11/2021A produção de ovos deve atingir um novo recorde em 2021 e chegar à marca de 56 bilhões de unidades, segundo estimativa da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). São 3 bilhões a mais que no ano passado e, se depender do brasileiro, a tendência é que os índices subam ainda mais em 2022. Isso porque o consumo de ovos no Brasil só vem aumentando: atualmente o brasileiro consome 251 ovos por ano, 8,5% mais que 2019 e 167% mais que 20 anos atrás.
Além disso, o Brasil também deve se consolidar como exportador de ovos para países como Arábia Saudita, Japão e Omã. Nesse cenário de crescente expansão, questões como biosseguridade e manejo ganham mais protagonismo. Ainda mais porque os possíveis prejuízos econômicos decorrentes da falta de programas eficientes de biosseguridade podem ser bastante significativos. Assim, investir em sanidade e bem-estar animal contribui de forma direta para melhores resultados.
Para identificar, gerenciar e prevenir surtos, para manter a qualidade da produção e para atender a um mercado cada vez maior e mais exigente, os estabelecimentos de postura comercial têm que estar ainda atentos aos cuidados sanitários. Se você busca mais detalhes sobre como atender à legislação vigente e instituir medidas de biosseguridade, continue a leitura.
A responsabilidade sobre a legislação sanitária e de manejo
Como atesta o Manual de Boas Práticas de Produção de Postura Comercial elaborado pela Embrapa, biosseguridade é a adoção de um conjunto de medidas e procedimentos operacionais que visam prevenir, controlar e limitar a exposição das aves contidas em um sistema produtivo a agentes causadores de doenças.
Para certificação e manutenção do registro, os estabelecimentos avícolas têm que estar aderentes a uma série de normas e regulamentos estabelecidos pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para a produção de ovos comerciais.
O gerente de negócios da Biocamp, Nelson Haga, salienta que um responsável técnico (RT) tem papel fundamental nesse processo, pois é ele quem irá responder pela implantação, manutenção e operacionalização das medidas de biosseguridade nas granjas.
Os estabelecimentos avícolas do setor de ovos de consumo, devem estar registrados nos órgãos estaduais de Defesa Animal, órgão vinculado ao Ministério da Agricultura. O proprietário do estabelecimento e o Médico Veterinário Responsável Técnico (RT) registrado no Conselho Regional de Medicina Veterinária são responsáveis pelas adequações nas granjas atendendo as normativas e garantindo, assim, a biosseguridade do plantel.
O ideal é que ele adote o conceito do PDCA, sigla para plan (planejar), do (executar), check (checar/controlar) e act (agir) para que todas as normas sejam atendidas. Mas quais normas são essas? As definições estão previstas nas Instruções Normativas (IN) IN 56/2007, IN 59/2009, IN 36/2012, IN 10/2013, IN 08/2017 e IN 18/2017 e Nelson Haga destaca as 7 principais medidas de biosseguridade.
7 principais medidas de biosseguridade para granjas de poedeiras comerciais
Portão de acesso
É a primeira barreira física de isolamento na granja, núcleo ou galpão. Deve estar bem sinalizado com placas de advertência como “Acesso somente de pessoas autorizadas”, “Proibida a presença de animais domésticos”, etc.
Arcolúvio de pulverização
Os arcos de pulverização de desinfetantes devem estar localizados logo após o portão de acesso. O acionamento deve ser, preferencialmente, automático. O ideal é que haja obstáculo para que o veículo diminua a velocidade. Um ponto de atenção: os veículos devem estar limpos antes da desinfecção.
Controle do acesso de pessoas
O acesso aos núcleos ou galpões de aves deve ser restrito, controlado e registrado em livro de visitas. Pessoas que não sejam funcionárias do núcleo terão o acesso permitido somente em casos de necessidade.
Cercas de isolamento
As cercas de isolamento devem ter altura mínima de 1 metro e estarem 5 metros distantes dos galpões de aves. A malha das cercas deve restringir o acesso de animais de vida livre e de outras espécies diferentes, como bovinos e equinos.
Telamento
Todos os galpões de aves devem estar telados com arame galvanizado, nylon, malha plástica ou outro material com malha não superior a 1 polegada (2,54 cm) de abertura. A tela deve cobrir a área do piso ao teto do galpão, evitando acesso de pássaros, animais domésticos ou de vida livre dentro dos galpões com aves poedeiras.
A tela é uma barreira para entrada destes animais, contribuindo assim para redução no desperdício de ração, diminuição de ovos trincados e melhoria na viabilidade e produção do lote.
Processamento de carcaças
As carcaças das aves mortas devem ser retiradas dos aviários várias vezes ao dia e serem acondicionadas em contêineres com tampa para evitar o acesso de animais domésticos. As carcaças devem ser transportadas para local apropriado e processadas em composteiras, desidratadores, aceleradores de compostagem ou incineradores.
Análise de água
A água fornecida para as aves deve atender aos padrões de potabilidade por meio de exames anuais. A água deve ser clorada na dosagem de 3 ppm de cloro livre.
Seguir essas normas de biosseguridade na produção avícola é essencial para bloquear e diminuir a disseminação de agentes patogênicos nas granjas. Além disso, há outra medida que contribui para a saúde e traz ganhos de performance às poedeiras comerciais: os probióticos.
Adicionados à alimentação ou água de bebida, os microrganismos vivos dos probióticos colonizam e equilibram a microbiota, estimulam a defesas e conversão dos alimentos, contribuem para aumento da produção de ovos de primeira, fruto da melhor viabilidade, melhor qualidade da casca e aproveitamento dos ovos.
Para saber qual é o melhor programa para sua granja, fale com a Biocamp.
Medidas de biosseguridade necessárias em granjas | ||
3 km Distância mínima das granjas reprodutoras de outros estabelecimentos: • Granjas comerciais | Arco de desinfecção: aberto em “U” ou fechado em “O” • Sensor automático de liga/desliga | Portão de acesso ao núcleo • Barreira de isolamento • Placas de aviso |
Avisos e controles • Controle de visitas | Faça as seguintes perguntas • “Quando e qual foi a última empresa visitada?” | Vestimenta mínima para entrada de técnicos em aviários • Bota plástica |
Banho • Não é obrigatório, mas cada dia mais comum como medida sanitária | Cerca de isolamento • Altura mínima: 1 metro | Telas • Arame galvanizado, nylon, malha plástica |
Coleta de aves mortas • Retirar várias vezes ao dia | Compostagem de aves mortas • Método seguro para mortalidades diárias normais |
Equipamentos e outros métodos
Desidratadores/Desintegradores
- Carcaças depositadas em tambor rotativo e aquecidas por queima de lenha ou pellet de madeira
- Temperatura externa: 300ºC
- Temperatura interna: 100 a 115 ºC
- Em 4 a 6 horas, o peso é reduzido em torno de 60%
- Material pode ser colocado para compostagem ou usado como adubo
- Capacidade de 300 a 450 kg
Acelerador de compostagem
- Cilindro rotativo
- Para grandes volumes, com menor custo de manutenção
- Não há necessidade de queima de madeira ou pellets de madeira
- Fluxo contínuo
Incinerador
- Duas câmaras de queima: para animais mortos a 800ºC e para queima dos gases e vapores a 1.200ºC
- Processo mais lento
- Uso de GLP
Tratamento do esterco
- Secagem em área coberta e piso pavimentado formando leiras, com uso de revolvedor
- Uso de revolvedores mecânicos automáticos
Controle de roedores
- Uso de porta-isca amarrando
- Importante: troca mensal da isca
Cloração da água
- 3 ppm
- Exames anuais
Exames laboratoriais
- Granjas têm que ser monitoradas para salmonela enviando para o laboratório 300 g de fezes, preferencialmente fecais, ou 4 suabes de arrasto ou propé