Pós-eclosão: pontos críticos que afetam o desenvolvimento inicial das aves
24/09/2021Medidas de biosseguridade nas granjas ganham protagonismo com mercado aquecido
28/10/2021O setor avícola brasileiro vem se destacando entre os líderes mundiais na produção e exportação de carne de frango. Somente no ano passado foram produzidas 13,845 milhões de toneladas de carne de frango e exportadas 4,231 milhões de toneladas. O levantamento é da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
São esses índices que colocam o Brasil hoje na primeira posição mundial em exportação de carne de frango e na terceira posição em produção. Entre os fatores que levaram a esse patamar estão aqueles relacionados à nutrição, manejo, ambiência e sanidade — os chamados pilares da produção avícola.
Mas não é apenas isso. Eles itens vêm somados à modernização e à organização do setor no sistema de integração vertical e à condição diferenciada do Brasil. O país tem controle sobre as principais doenças avícolas que comprometem a produção e a exportação de carne de frango, como a influenza aviária e a doença de Newcastle.
Dessa forma, para ajudar a manter esse status mundial na produção e exportação de carne de frango, destacamos a importância da biosseguridade nos sistemas de produção como medida que deve ser observada em todos os elos da cadeia produtiva. Ou seja, desde as granjas de bisavós e linhas puras, passando pelos incubatórios, avós, matrizes, frangos de corte e produto final — além de ser importante verificar quem abastece toda essa cadeia: rações, matéria-prima e lavoura.
O nosso Diretor Técnico e Comercial, Paulo Martins, e o nosso Gestor de Negócios, Gilmei Antonio Balestrin, pontuam os 7 principais fatores que devem ser vistos como investimentos e aplicados como medidas de biosseguridade nos sistemas produtivos para manter as aves saudáveis.
As principais características da biosseguridade em frangos de corte são:
1. Capacitação & Treinamento
É fundamental e essencial que as normas de biosseguridade sejam aplicadas de forma correta e constante, mas esse operacional só existe se o conceitual estiver bem consolidado.Isso significa que os supervisores, proprietários e/ou diretoria da empresa têm que estar conscientes da importância da biosseguridade em todos os processos produtivos de aves de corte como forma de reduzir, controlar ou interromper a difusão de enfermidades. Além disso, têm que estar cientes de que investir em instalações novas e procedimentos, agrega — e muito! — às atividades.
É preciso haver outorga de poder e responsabilidade às equipes, bem como capacitação dos funcionários. Treinamentos e reciclagens devem ser constantes para que o trabalho do responsável técnico não fique altamente comprometido.Após esse comprometimento é que entra a parte operacional da biosseguridade, com cumprimento de normas, checklists, monitorias, registros das atividades, fichas de controle, reportes periódicos aos superiores, entre outros pontos.Assim, é decisivo que o proprietário da granja ou diretoria da empresa tenha absoluta consciência que capacitar e treinar os funcionários e equipes consiste no caminho mais barato para aumentar a biosseguridade, reduzir os custos de produção e aumentar a lucratividade do negócio.
2. Controle de trânsito de pessoas, veículos e materiais
Todo o fluxo de materiais, veículos e pessoas, nos acessos às instalações agroindustriais de aves, deve ocorrer de acordo com os procedimentos de biosseguridade descritos pela empresa
3. Registro de visitas
Entre as atividades empregadas em biosseguridade em avicultura estão os formulários adotados para registro de todas as visitas feitas às instalações. Eles devem ser monitorados e continuamente controlados e revistos pelos responsáveis.
4. Estruturas de produção em localização ideal, teladas e cercadas
É necessário proteger as aves de produção de agentes potencialmente transmissores de patógenos, como animais domésticos, silvestres e animais que convivem próximos do ser humano.Em plantas já existentes, é preciso priorizar investimentos em medidas de biosseguridade de modo a aumentar a proteção dos plantéis de aves. Cada centavo investido em biosseguridade retorna de maneira direta através da produtividade, redução das enfermidades e gastos para controlá-las.
5. Estruturas de produção limpas e vazio sanitário
São recomendados cuidados e frequência com a limpeza de equipamentos utilizados durante o período de produção das aves. Como exemplo podemos citar os bebedouros e os comedouros.Também é fundamental fazer o controle de pragas (moscas, ácaros, roedores), o manejo adequado das aves mortas e com a cama de aviário. Em publicação da FACTA, o consultor técnico corporativo da área de sanidade Marcos Dai Prá cita duas possibilidades de manejo de cama no Brasil.
A) Limpeza úmida com troca de cama
B) Limpeza a seco com reutilização de cama
A segunda é a mais empregada por não haver um passivo ambiental muito elevado. Nesse caso, é preciso haver fermentação de cama, com enleiramento no centro do aviário ou enlonamento de cama, com cobertura em toda a extensão do aviário. Outras técnicas são a acidificação e a alcalinização de cama.
Quando há limpeza a seco com reutilização da cama, sempre haverá:
- Escovação e varrição;
- Queima das penas;
- Revolvimento da cama;
- Aplicação de inseticidas.
Entre as medidas de biosseguridade relacionadas à limpeza e desinfecção das estruturas de produção, estão os processos de higienização dos aviários e vazio sanitário entre lotes, para reduzir a pressão de infecção dos agentes e os riscos de contaminação de patógenos.
6. Pessoal
A troca de roupas e calçados limpos e higienizados devem ser utilizados sempre ao entrar em áreas específicas e nas dependências da área produtiva.
7. Controle na qualidade de água e ração consumidas
Água e alimento também podem comprometer a saúde intestinal das aves. Lembramos que o sistema digestivo, além de constituir-se o órgão central da digestão e absorção de nutrientes, consiste num dos principais órgãos do sistema imune das aves. Qualquer alteração ou quadro patológico neste sistema poderá comprometer os resultados zootécnicos e resposta às imunizações dos planteis.
Além dessas 7 medidas principais de biosseguridade a serem aplicadas nas empresas de frangos de corte, é importante destacar os programas preventivos: monitorias laboratoriais, programas vacinais e uso de aditivos que dão suporte à saúde das aves, como os probióticos, prebióticos e os ácidos orgânicos.
Além de contribuir para redução e multiplicação patógenos, os probióticos trazem ganhos para frangos de corte relacionados à conversão alimentar, ao ganho de peso e, em alguns casos, à viabilidade. Converse com a Biocamp e veja qual é o melhor programa para a sua empresa!
Estudos que comprovam a importância da biosseguridade — e outras curiosidades!
Você sabia que… | ||
Transmissão horizontal A transmissão horizontal está presente em todas as enfermidades causadas por bactérias? Além disso, a propagação horizontal dessas enfermidades geralmente é rápida e a persistência para algumas delas é de média a alta. É o que mostra um estudo de Filip Van Immerseel e Jeroen Dewulf, de 2019. A mesma coisa vale para enfermidades virais e outras (fúngicas, causadas por protozoários, etc.) Não há como enfrentar o problema sem biosseguridade! | Ectoparasitas Os ectoparasitas (ácaros e insetos) presentes em algumas aves selvagens são responsáveis pela transmissão de inúmeras enfermidades, bacterianas e virais? Na pesquisa da Fapesp “Um Zoológico entre as Penas” (André Julião, 2005), foi identificada quase uma centena de parasitas nas aves. Por isso o telamento dos galpões é tão importante! | Dermanyssus gallinae A maioria dos países europeus registra a presença de Dermanyssus gallinae (ácaro vermelho das galinhas), principalmente os localizados mais ao Sul, onde há verões quentes. É por isso que regiões como o Mediterrâneo têm mais problemas de tifo aviário (TA) mesmo com várias vacinações. Países de clima tropical também registram alta prevalência de Salmonella Gallinarum. A carga dessas bactérias que os Dermanyssus levam até a ave é muito maior que uma ave bem vacinada pode suportar! Limpeza e desinfecção, além do uso de acaricidas é fundamental para o controle dos ácaros! |
Salmonelas paratíficas Que as salmonelas paratíficas estão presentes em todas as áreas da produção de aves? Desde a mureta de proteção, as caixas de ração, os comedouros, até os tratores da empresa e o trajeto da casa do funcionário até a granja. É o que aponta um estudo de Marcos Dai Prá realizado em Cascavel (PR), de 2016. O material mostra que a mais prevalente foi a S. Heidelberg, encontrada em 67% dos cascudinhos (Alphitobius diaperinus) de algumas granjas. Por isso temos que não só manejar corretamente a cama aviária, mas fazer a limpeza, desinsetização e desinfecção do galpão e também do entorno da granja! | Reutilização da cama Quanto maior a reutilização da cama, menor é a frequência de positividade de salmonela paratíficas? É isso o que aponta outro estudo de Marcos Dai Prá e ?Victor Fernando Buttow Roll, publicado em 2011. O autor atribui esse fator à quebra da ureia, que cria um ambiente desfavorável às salmonelas. Outros pesquisadores avaliam que essa redução é devido ao aumento da microbiota da cama, por aumentar a competição com as salmonelas. | Desinsetização > Desratização A desratização vem depois da desinsetização? Isso acontece porque os ratos albergam uma grande quantidade de parasitas. Se eles morrem primeiro, esses ectoparasitas invadem todas as instalações vizinhas assim que a carcaça esfria. É importante utilizar raticidas em pontos estratégicos de circulação dos roedores, bem como fazer a monitoria periódica dos pontos de controle. |
1 bilhão de bactérias Se há 1 bilhão de bactérias por centímetro quadrado em um galpão, elas se reduzem a no máximo 1000 bactérias por centímetro quadrado após a desinfecção? É isso o que mostra o trabalho de Schlender Gerd de 2011. Somente com uma “simples” lavagem, já há uma redução para 1 milhão de bactérias/cm2 e, se houver uma segunda desinfecção, este número cai para 100 bactérias. Limpeza e desinfecção são fundamentais! | Solado da bota Um “simples” jato d’água no solado da bota reduz exponencialmente o risco de contaminação? É isso o que mostra um estudo da Universiteit Gent, na Bélgica. Em uma escala de redução de bactérias, estão, do pior para o melhor, as botas sujas, as botas lavadas somente com água e as botas lavadas e desinfetadas. Atenção com os calçados! | 44 erros de biosseguridade Houve um estudo feito no Canadá em 2011 que mostra os 44 erros de biosseguridade ao entrar e sair de aviários? Foram 883 visitas feitas por 102 indivíduos diferentes, entre funcionários e visitantes. O resultado:- 27 erros (61,4%) relacionados ao trânsito equivocado entre área limpa e contaminada; • 6 erros (13,6%) relacionados a botas sem higienizar; • 5 erros (11,4%) relacionados à falta de higiene adequada das mãos; • 3 erros (6,8%) relacionados à falta de uso adequado de uniformes; • 3 erros (6,8%) relacionados à falta de registros de visitas. |
A natureza e a frequência dos erros sugerem uma falta de compreensão dos princípios de biosseguridade, necessidade de melhorar o treinamento e capacitação no tema para todo o pessoal da granja.